sábado, 6 de agosto de 2011

Eutanásia Corporativa


Como é possível? Há muitos e muitos anos atrás, o trabalho era compreendido como atitude escravagista, desvalorizante, executada por subalternos , a classe invisível da corte. Quem trabalhava não tinha identidade nobre, era indigno de cuidado, valor e, sobretudo desprovido daquilo que a modernidade chama de relacionamento interpessoal. Acredito que o ditado popular “ Manda quem pode, obedece quem tem juízo” é derivado desse tempo e caso contrário, você estar demitido (a)!
A grande vantagem da contemporaneidade é que , não há mais um tronco real, físico, a senzala agora é subjetiva. Os senhores feudais foram decapitados de seus cargos, mas, o desejo de posse do outro ainda é subliminar. Como é interessante ver o gozo de alguns chefes do século XXI ligando e desligando pessoas, como uma espécie de “eutanásia corporativa” ou pilimpimpim da varinha de condão.
Fala-se em inteligências múltiplas, mas basta eu – gestor olhar e não te ver, que você deixa de existir, não importa se sou o eu – gestor quem não te vejo, o que importa é o tamanho da serventia que você não me tem mais. Pronto, estar desligado (a)!.Como é possível desligar alguém? Se a vida pulsa em energia , tudo é energia! Há quem diga que “ O desafio é a nossa energia”.
Aonde foi parar o tal do Job (trabalho) Rotation (rotação, variação)? E o tal “ foco em você, você é muito importante para nós, sem você essa instituição não existiria...” A propósito e quem é mesmo Você?É, o que houve mesmo foi uma evolução de feudais para gestores, e gestamos o que mesmo?Fertilizamos aonde? Onde? Damos a luz, ou melhor, desligamos a luz de você, se havia brilho não há mais.
O que importa mesmo agora é, pegue sua bagagem, obrigada pelo seu trabalho e... Por favor, o Próximo!
E assim caminha a humanidade...

domingo, 31 de julho de 2011

Arte, Clinica e Loucura Temáticas de uma Terapeutica...



A arte provoca em nós através do lúdico um resgate inconsciente daquilo que está implicito e não conseguimos nomear, mas que provoca gozo e alegria... A clinica agiganta os nossos ouvidos numa escuta avassaladora deste outro que se poem a falar... A loucura... é o fio tênue entre a arte e a clinica que desconecta o sujeito e o revela quem é

Quando Fui Chuva ( Maria Gadu) Composição Luis Kiari, Caio Soh e a Rede Social...

“Quando já não tinha espaço, pequena fui
Onde a vida me cabia apertada
Em um canto qualquer,
Acomodei minha dança, os meus traços de chuva”

Veja só, existem experiências que são marcadas por tudo aquilo que "molha" ... mãos quentes no rosto de uma tal "imersão"...imersão...
i-m-e-r-s-ã-o!! só poderia ser coisa de água mesmo..
água na boca por um beijo molhado... Como se diz no interior... pessoa fica "aguada" pensamentos de chuva, gota no corpo, gota que torna fértil a imaginação...gotas que se propõem lubrificar desejos trôpegos, mas que buscam ávidos se despejar em maremotos e tsunâmis...corpos suam no imaginário, líquido pra resfriar o que dentro arde... arde.. arde...e arde... coisa de realidade marcada pelo ato de molhar.

“E o que é estar em paz
Pra ser minha e assim ser tua
Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d'água,
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos, as calçadas”

A imaginação sua pra que o corpo febril ainda seja capaz de manter algum sentido, pra que não se perca no torpor de calor lépido e até com certo tom de selvageria... alegre como criança brincando em água...bacia de alumínio no quintal! Desejos fluindo para novo lugar
flui no toque, na gota que se propõe a explorar...teu suor... calor de dentro, tua boca úmida mantendo a tônica do líquido e do fluir...
Teus líquidos que dizem: "pode entrar" ... espasmos, contrações na entrada...respiração,indecisa...expira...inspira...expira...inspira...mais profundamente (profundidade tb é coisa de água).

“E, assim, no teu corpo eu fui chuva
... jeito bom de se encontrar!
E, assim, no teu gosto eu fui chuva
... jeito bom de se deixar viver!

Nada do que fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra tua boca
E, mesmo que eu te me perca,
Nunca mais serei aquela que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela”

A vontade de deixar o grito escorrer pela boca feito água de torneira...escorrer...escorrer...escorrer...é como se abrisse uma represa e saísse a alma por entre a fenda...toda fluição de entrar e sair...portal do EU-TU...portal do EU -no –TU líquido e lívido...
cálido no corpo que flui e fruiu pra mim, em mim...

Para onde a autenticidade pode me levar?

O que é autenticidade? Será um movimento de busca de si mesmo? Ou uma capacidade de ser aquilo que é? Mas como ser o que é sem se desbravar? E será possível esta ultima indagação? Qual será o preço dessa tal autenticidade...
Tenho aprendido alguns ensinamentos com Cal Rogers (2009) “ descobrir que posso ser mais eficaz quando posso ouvir a mim mesmo aceitando-me , e posso ser eu mesmo”, Rogers comunica que é pela via da autenticidade que podemos mudar a rota daquilo que nos inquieta, nos apavora ou nos provoca, isso é também chamado de aceitação incondicional. Quando me exploro de maneira plena, quando mudo a posição do espelho para minha direção e vejo as minhas verdades, mentiras, é que promovo minha atitude em direção á mudança. É ai que fica caro...
Me encontro neste movimento interior, comecei com a aceitação de minha “coroa social”, um adorno que contem uma tríade de significantes: córtex, medula e cutícula , adereço que tem escravizado muitas pessoas, em sua maioria, as mulheres, acessório que em alguns países revelam a moral e a dignidade de suas fêmeas prisioneiras, alguns chamam de madeixas, outros chamam de cabelo, outras de minha vida... Larguei a chapinha, aposentei o secador e usei e abusei da tesoura, que veio para cortar a minha negação de ser, ser eu mesma, ser mulher, ser autêntica.
Ana Carolina canta “de que vale meu cabelo liso, se as idéias estão enroladas dentro da minha cabeça”. Liso por fora, crespo por dentro. Hoje decidi desafiar o jogo, se é para encrespar que encrespe logo! Ah cremes, massagens e pentes específicos para melhorar a estética, mas a ética, a minha ética, só o enfretamento de ser, ser o que é, ser o que quer, SER.


sábado, 30 de julho de 2011

Rompendo com a Simbiose...


"Quando somos lançados para fora do útero da nossa mãe, caímos num desamparo que o choro pode expressar , mas logo logo vem o consolo de que está tudo bem, e somos acolhidos pelo olhar de nossa mãe que nos diz : “ Está tudo bem filhinho, mamãe está aqui”.Logo sentimos aquele cheirinho maravilhoso, o cheiro do amor, o gosto do carinho e a sensação de que nunca mais seremos abandonados...
É aí que a Simbiose está estabelecida. Mas o tempo vai passando e naturalmente vamos começando a crescer, a nos reconhecer enquanto ser no mundo e obrigatoriamente o mundo nos convoca á sermos dele. Esse é o imperativo do mundo: “Você e Mamãe são dois.” Venha!.
Experimentar esse desamparo é doloroso, como é difícil pensar que ela não volta mais, será que ela me abandonou, será que ela não vem?!!! Será que ela não Vem?!!! Oh Deus, acho que ela não vem!!!
Na verdade, ela está dizendo : “ Vai filho, é hora de você crescer, mas fique tranqüilo, a mamãe está com você...”

Te amo.

15 DE FEV 2011.

(Primeiro dia de Aula de Luan Vitor meu sobrinho e Primeira Experiência de minha irmã sem o filho.)